quarta-feira, 27 de julho de 2011

Tentativa de fuga em massa termina com 3 fugitivos e 3 agentes feridos

Ter, 26 de Julho de 2011 23:11

LENILDA CAVALCANTE .

Dez detentos da cela 13 do Pavilhão ‘B’, do presídio estadual, conseguiram cavar um buraco na parede e saltar para a área de banho de sol. Usando uma ‘Teresa’ feita de lençóis, 3 deles conseguiram pular a muralha da prisão e fugir. A tentativa de fuga em massa aconteceu por volta das 21h da noite de segunda, 25. Segundo informações, no Pavilhão ‘B’ ficam os presos condenados por crimes sexuais (estupros) e os ameaçados de mortes por outros detentos


O trio que conseguiu escapar é formado por Fábio de Souza Silva, 21 (condenado por crime de furto qualificado e que aguardava progressão de pena), Francisco Jarilson Ferreira Portela, 24 (condenado por crime de roubo e que também estava prestes a ter semi liberdade), e Vandré Lira de Melo, 24 (condenado por latrocínio e que se encontrava preso desde 2008 e que só teria progressão prevista para 2017). Este último era considerado preso de alta periculosidade.

Agentes penitenciários tentaram evitar a fuga em massa enfrentando os presidiários. Segundo informações do diretor do presídio, durante a tentativa de fuga os detentos usaram ‘estoques’ de armas, confeccionados artesanalmente com pedaços de ferro e vergalhões.

Dos 10 detentos que tentaram fugir, 6 conseguiram chegar até a área do banho de sol, 3 foram detidos e 3 conseguiram fugir. Os 6 que não conseguiram fugir entraram em confronto com os agentes. Durante o confronto, 3 agepens sofreram fraturas nos braços e foram atendidos no PS de Rio Branco. A PM foi acionada pra conter a situação. Além disso, equipes do Bope realizaram buscas na região com o intuito de capturar os foragidos, mas não obtiveram êxito.
 
Superlotação e falta de efetivo foram os motivos de fugas, diz presidente do Sindap
 
 


JORGE NATAL

O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindap), Adriano Marques, atribuiu às fugas de 3 presidiários, ocorrida na segunda, à superlotação e à falta de efetivo. “Os presídios acreanos são um barril de pólvora”, denuncia ele. Desde o início do ano, já foram 1 homicídio, 1 tentativa de homicídio, 1 ‘curra’, 1 princípio de rebelião no presídio feminino, além da descoberta de 1 plano pra matar um agente penitenciário.
 
Marques afirma, ainda, que faltam equipamentos de proteção e segurança, iluminação adequada e sistema de monitoramento por vídeo. “Uma boa solução para saber quem possa ter facilitado as fugas é verificar as imagens das câmaras”, ironiza o sindicalista. “Existe um défict na segurança do sistema prisional. Só na Capital, precisamos de 200 servidores. As guaritas externas dos pavilhões estão desguarnecidas. Temos efetivo reduzido e falta de equipamentos de segurança e proteção. Vivemos sobre constantes ameaças”.
 
Além de não portar armas de fogo, os agepens também não têm armas não-letais (Taser), o que talvez não tivesse ocasionado ferimentos em 3 plantonistas. A entrada de armas nos presídios é também outro problema. Segundo Marques, são apenas 3 agentes para 1.000 visitantes, não existindo cães farejadores e bloqueadores de celulares. “Sem contar que não temos um Boriscan (aparelho moderno que detecta objetos)”, acrescentou.

Atualmente, segundo o Instituto Data Folha, a função de agente penitenciário é a mais estressante do país, sendo a expectativa de vida dele em torno 45 anos.  Para o sindicalista, o ‘produto final’ da Segurança Pública , o preso, não é reeducado e acaba se tornando um ‘profissional do crime’ nos presídios. “Estamos longe de ter uma política de segurança conseqüente e resolutiva”, critica Adriano Marques.

Diretor destaca investimentos - O diretor do presídio Dr. Francisco D‘Oliveira Conde, Denis Leandro Pícolo, admite as falhas no sistema presidiário, mas garante que existem investimentos no setor. “Neste momento, estamos capacitando 60 agentes”, disse. Indagado sobre os motivos das fugas, o diretor, assim como Adriano Marques, atribui à falta de efetivo e à superlotação. “O Acre não é diferente do resto do país. O sistema prisional carece de investimentos”.

Quanto à aquisição de equipamentos de proteção e segurança, Pícolo, que está há 3 anos no cargo, diz depender de uma autorização do 2º Comando do Exercito, sediado em Manaus (AM). “Sem falar que o boriscan está proibido no Brasil”, concluiu o diretor.



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