Por Luan Cesar – Com a decisão da Justiça do Acre, que acatou o pedido de antecipação de tutela do Governo do Estado contra o movimento grevista dos agentes penitenciários, marcado para iniciar nesta sexta-feira, 6, o Sindicato da categoria promete fazer uma série de manifestações durante a semana que vem. Os atos visam pedir melhores condições de trabalho e são contra as execuções de dois profissionais da área ocorridas este ano.
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindap-AC), Adriano Marques, comenta que durante este fim de semana as equipes que fazem rondas nas residências dos profissionais serão redobradas. Segundo ele, a decisão da Justiça será acatada pela classe, mas meios legais serão utilizados para reverter a situação.
“A maior crítica que temos é em relação ao posicionamento do governo. Ao invés de negociar, tentou nos calar por meio da Justiça. Mas isso só incentivou a mobilização da classe. Agora, os manifestos serão feitos com os agentes que estiverem de folga”, diz Marques.
De acordo com Adriano, o Sindap-AC está se mobilizando com alguns deputados federais do Acre para pedir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). A intenção é que o sistema penitenciário do Estado seja investigado. “Queremos que as péssimas condições de trabalho dos agentes e as condições sub-humanas que os presos são submetidos sejam apuradas”.
“Além da melhoria das nossas condições de trabalho, almejamos que os presos tenham assistência integral prevista na Lei de Execuções Penais e na Constituição. Existem celas que eram para ter apenas dois detentos e, na verdade, possuem sete. Outras foram construídas para abrigar 10 presos, mas existem 30 homens juntos”, relata o presidente do Sindap-AC.
Denúncia
A mãe de um detento, que pediu para ter a identidade preservada, estava em frente ao presídio Francisco D’Oliveira Conde, na manhã desta sexta-feira, 6, para tentar saber sobre a situação do filho, que é detento. Ela afirmou que os presidiários estão sendo agredidos pelos policiais e agentes.
“Vim ver como meu filho está. Minha irmã veio visitar ele na quinta-feira e disse que ele estava com o braço quebrado devido às agressões. Quando cheguei, ouvi uma gritaria muito grande dentro do presídio, os presos estavam ‘batendo grade’. Também fiquei sabendo que eles estão sem comida e água desde quarta-feira”, denunciou a mulher.
Já a esposa de outro detento, que também pediu para não ser identificada, disse que os presidiários teriam sido levados para o “corretivo”. “Eles estão sem beber água e sem comer. Levaram eles para o ‘corretivo’, estão todos nus e apanhando até ficarem desmaiados, isso porque fizeram motim na quarta-feira”, afirmou.
Sobre a suposta suspensão do fornecimento de água e comida, Marques fala que os serviços são de responsabilidade de outros e que os agentes não possuem acesso a eles. “A cozinha do presídio é terceirizada. Não temos acesso aos setores da rede de água e eletricidade.”Adriano Marques negou a denuncia das mulheres e ressalta que os agentes não praticam torturas com os presos. “A informação não procede. Estão tentando denegrir a categoria nesse momento de dor e reflexão ocasionados pela morte dos nossos colegas. Ninguém aqui é torturador, não tem nenhum preso ferido ou maltratado”.
Fonte: http://www.pagina20.net/cidade/agentes-penitenciarios-prometem-novas-manifestacoes-na-semana-que-vem/
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