quinta-feira, 23 de abril de 2015

Em presídio no AC, agentes impedem entrada de suspeito de matar colega




Suspeito deveria ser transferido para presídio, mas foi devolvido à delegacia.
Sindicato alega problema em documentos; Polícia vai investigar conduta.

Cláudio Martins, mais conhecido como 'Barrão', suspeito de matar a tiros o agente penitenciário Anderson Albuquerque, de 29 anos, no dia 2 de fevereiro, continua preso em uma cela da Delegacia de Investigação Criminal (DIC), em Rio Branco. Na última segunda-feira (20) a Polícia Civil tentou encaminhá-lo para o presídio Francisco de Oliveira Conde, mas os agentes que estavam no local não aceitaram a transferência, alegando  problemas na documentação do preso.

Segundo o delegado responsável pela custódia do preso, Pedro Paulo Buzolin, a documentação do preso não estava errada.  "A documentação não estava errada, estava tudo certo. Inclusive tem ordem judicial para que ele cumpra prisão no Francisco de Oliveira Conde. Ele passou pelo exame de corpo de delito, que também é requisito para ingresso na penitenciária e mesmo assim foi recusado o recebimento dele, descumprindo a ordem judicial", afirma.
Buzolin explica que o suspeito está detido durante todo esse tempo na delegacia, porque esperava a prisão temporária ser convertida em prisão preventiva.

A prisão temporária tinha como local de cumprimento a delegacia. Quando essa prisão temporária foi convertida em preventiva, teve a determinação que fosse encaminhado ao presídio. Descumpriram essa ordem. A prisão inicial foi cumprida na delegacia, tendo em vista a necessidade de oitiva e outros procedimentos a serem realizados", afirmou.
O delegado esclareceu ainda que o caso será encaminhado para a 4ª Delegacia Regional, que abrange a penitenciária da capital. Ele explica que o delegado responsável pode abrir um inquérito para investigar a conduta dos agentes penitenciários.

"Será encaminhada para a delegacia da área da unidade e se o delegado entender que houve desobediência, abrirá um inquérito. Através desse inquérito, com requisição do juiz que teve a ordem dele descumprida, pode solicitar a instauração do inquérito", esclareceu.

Sindicato quer que preso seja transferido para unidade federal

O presidente do Sindicato do Agentes Penitenciários (Sindape/AC), Adriano Marques, reafirmou que a documentação do preso estava no nome de uma outra pessoa e, por isso, o suspeito foi devolvido à delegacia.

"O preso estava com a documentação no nome de outra pessoa. Comunicamos à direção, que concordou com nosso posicionamento. Não houve repúdio, simplesmente era para regularizar a documentação. Nós acreditamos nas investigações da Polícia Civil e nas punições da Justiça", argumentou.

Ainda de acordo com Marques, o sindicato está pedindo que o preso seja transferido para um presídio federal. "Acreditamos que ele faz parte de uma organização criminosa", diz.

Marques disse ainda que houve um problema de comunicação entre os dois órgãos e tudo pode ser resolvido com uma reunião com representantes dos órgãos.

Procurado pela reportagem do G1, o presidente do Instituto de Administração Penitenciária do Acre (Iapen-AC), Martin Hessel, diz que desconhecia o problema relacionado com a transferência do preso. Ele conta que foi informado na manhã desta quarta-feira (22) que o preso seria transferido, no período da tarde, para o presídio Antônio Amaro.

Entenda o caso

O agente penitenciário Anderson Albuquerque, de 29 anos, foi morto com dez tiros na noite do dia 2 de fevereiro, no Bairro da Paz, nas proximidades da Faculdade Meta (Fameta), em Rio Branco. Albuquerque atuava há seis anos como agente e trabalhava na Unidade de Recolhimento Provisório (URP), do Presídio Francisco D'Oliveira Conde.

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