quarta-feira, 3 de junho de 2015

Facção criminosa planejou e executou morte de agente no AC, diz polícia



O agente Anderson Albuquerque foi executado com tiros em 2 de fevereiro.

Quatro suspeitos foram presos e dois estão foragidos.


Após quatro meses de investigação, a Polícia Civil prendeu quatro suspeitos de envolvimento com uma facção criminosa, que segundo a polícia, planejou e executou a morte do agente penitenciário Anderson Albuquerque, de 29 anos. O policial foi morto com dez tiros no dia 2 de fevereiro no Bairro da Paz, em Rio Branco. Os suspeitos foram presos durante a Operação Ícaro e os resultados da ação foram divulgados em uma coletiva de imprensa, nesta quarta-feira (3), na Secretaria de Polícia Civil.
De acordo com delegado Alcino Junior, seis pessoas foram identificadas durante a investigação, quatro estão presas, duas tiveram o mandado de prisão expedido, mas estão foragidas. "Acompanho o PCC desde 2012, é uma facção muito organizada. O veículo usado no crime foi identificado, passamos a rastrear esse carro e procurar os locais por onde ele havia passado e a rota que seguiu após o homicídio, até ser abandonado no bairro Caladinho", explicou.
Ainda segundo o delegado, o crime teria sido motivado por supostos maus-tratos contra os detentos e aos seus familiares durante as visitas no presídio. Durante as investigações, a polícia descobriu também, a função de cada um dos participantes do crime, desde o financiamento até aquisição das armas usadas e planejamento de homicídio.
"Como o PCC funciona bem estratificado, os presidiários daqui passaram para São Paulo um 'salve', que é uma espécie de reclamação ou recado. De lá, obtiveram a autorização que foi passada para um liderança que determina que o crime seja feito. Durante as investigações, descobrimos que o homicídio deveria ter ocorrido até dezembro de 2014. Os executores vieram de São Paulo e chegarem em Rio Branco em janeiro e estão foragidos. Quando o crime foi planejado não havia uma agente específico, mas o objetivo era matar pessoas consideradas linha dura", destacou.
O delegado destaca que a execução de agentes é comum em outros estados, mas essa foi a primeira vez que a polícia identificou uma ação como essa no Acre. Ações como essa fazem parte do dia a dia do PCC. Como nunca houve uma ação como essa aqui, acredito que a intenção deles era intimidar as forças de segurança e o sistema prisional, mas conseguimos dar uma resposta firme e efetiva", finalizou.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindap-AC), Adriano Marques, as investigações acabaram culpando a própria vítima, já que ele foi acusado de supostas agressões cometidas contra os detentos e alguns de seus familiares. Segundo ele, o governo não disponibilizou a segurança necessária ao agente.
"É bem mais fácil culpar a vítima, pois ele não está aqui para se defender. Nosso posicionamento é de que perversos são nossos políticos corruptos e omissos. O produto principal do PCC no Brasil é o tráfico de drogas. O próprio sindicato denunciou as ações do PCC, Bonde dos 13 e Comando Vermelho aqui no estado. Vamos emitir uma nota de repúdio e protestar, pois eles não disponibilizaram a segurança necessária para o agente", destacou.
Entenda o caso

No dia 2 de fevereiro, o agente penitenciário Anderson Albuquerque, de 29 anos, foi alvejado com dez tiros no Bairro da Paz, nas proximidades da Faculdade Meta (Fameta). O agente atuava há seis anos no sistema prisional do Acre e trabalhava na Unidade de Recolhimento Provisório (URP) do Presídio Francisco d'Oliveira Conde.

De acordo com a polícia, a ordem para matar o agente teria partido de dentro do presídio após um atrito entre detentos. Após a morte dele e de outro agente penitenciário, Edmilson Freire, também assassinado a tiros, a categoria fez um protesto impedindo a visita íntima aos presos. A atitude desencadeou motins em presídios do estado e ataques contra a categoria.
Na época das mortes, o Sindicato denunciou a ação de facções criminosas e afirmou que as ordens para matar agentes viriam de dentro do presídio. No dia 10 de fevereiro, o suspeito Diemerson de Souza, de 22 anos, foi preso no bairro Caladinho e apontado pela polícia como autor dos disparos.
Ao G1, Diemerson afirmou ser inocente e alega não saber nada sobre o crime. "Eu não sei de nada. Eu sou inocente porque não tenho participação no crime, eu tenho como provar que não participei da morte de ninguém" disse.
O outro suspeito, Cláudio Martins, conhecido por 'Barrão', foi preso em 11 de fevereiro quando saía do presídio. Segundo a polícia, ele teria fornecido a arma e indicado a vítima. Ele cumpria pena no regime semiaberto há seis meses por associação ao tráfico de drogas.
Fonte: http://g1.globo.com/ac/acre/noticia/2015/06/faccao-criminosa-planejou-e-executou-morte-de-agente-no-ac-diz-policia.html

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