quarta-feira, 19 de outubro de 2016
Sindicalista denuncia que Estado negocia com líderes de facções e oferece regalias a presos
O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre
(Sindap), Adriano Marques, desmentiu, na tarde de terça-feira (18), as
declarações do secretário de Segurança Pública, Emylsson Farias, de que
há reforço na segurança dentro dos presídios acreanos.
Adriano lamentou que apenas tardiamente o poder público tenha
reconhecido a denúncia feita há anos pelo sindicato que afirmou haver
três facções criminosas atuando no Acre. Além de desmentir o secretário,
Adriano Marques também denunciou o suposto favorecimento de líderes de
facções que mantêm regalias dentro do sistema prisional, sendo que
alguns obtêm até permissão para manter aparelhos de televisão dentro da
unidade Antônio Amaro Alves, onde foi implantando o temido Regime
Disciplinar Diferenciado (RDD).
Além das regalias, os criminosos também recebem facas dentro do
presídio, que segundo Marques, são arremessadas por cima do muro
colocando por terra as declarações do secretário de que a segurança foi
reforçada nas muralhas.
Marques salientou, ainda, que não foi tomado nenhum tipo de medida
para isolar presos, conforme declaração em entrevista do secretário
Emylsson Farias.
“Os presos,líderes de organizações criminosas, não estão isolados,
não existe reforço armado na frente dos pavilhões e na muralha da
Unidade Antônio Amaro Alves.
Inclusive o líder do Comando Vermelho tem TV e com ele foram
apreendidas facas dentro das celas, facas essas que são arremessadas
pela muralha”, disse.
Marques afirmou que a direção do sistema prisional possui
conhecimento sobre todas as deficiências do sistema, inclusive as
reivindicações dos agentes que trabalham em precárias condições. O
sindicalista voltou a frisar que muitos crimes poderiam ter sido
evitados se a cúpula da segurança tivesse tomado providências em tempo
hábil.
“O sistema penitenciário está em colapso. Há anos venho alertando as
autoridades sobre isso, os movimentações das facções, tacharam-me de
louco e hoje toda a sociedade sofre pela falta de investimentos nessa
área. Um bloqueador de celular teria evitado muita coisa”, disse.
Marques encerrou afirmando que as ordens para a “guerra” entre as facções partem de dentro do presídio Antônio Amaro Alves.
Um outro agente penitenciário, que não quis se identificar, afirmou
que por ignorar todas as denúncias dos agentes, o Acre institucionalizou
as facções criminosas.
“Há quase duas semanas os presos dos principais presídios de Rio
Branco foram separados de acordo com as facções criminosas. Enquanto a
lei de execuções penais preconiza que os presos devam ser separados pelo
tipo do crime, aqui Acre acabamos de institucionalizar as facções
criminosas por meio dessa separação. Isso não só adimite a existência
das facções como o tamanho do seu poder dentro e fora dos presídios”,
disse.
O agente afirmou, ainda, que o Estado negocia com o crime organizado.
“O Estado, como não usa da força necessária (ou não dispõe da força
necessária) acaba por negociar com os chefes das facções (que geralmente
estão presos) para que as coisas ocorram dentro dos limites impostos
pelos criminosos”, disse.
O diretor do Instituto Penitenciário, Martin Hessel, afirmou que o
RDD não é aplicado para todos os presos, admitiu que os presos
considerados de maior periculosidades estão mantidos na mesma unidade
prisional, a Antônio Amaro Alves, e garantiu que checará se a
autorização para manter a TV na cela foi dada pelo Judiciário.
Fonte: http://afolhadoacre.com.br/cotidiano/sindicalista-denuncia-que-estado-negocia-com-lideres-de-faccoes-e-oferece-regalias-presos/
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