quarta-feira, 16 de junho de 2010

Rotina de um agente penitenciário pode afetar convivência com a família, diz psicóloga

A rotina de agente penitenciário é uma das mais tensas entre os profissionais responsáveis pela segurança pública. A tarefa de velar pela segurança nos presídios, transferir criminosos, e de se envolver diretamente na contenção de motins e rebeliões deflagrados por detentos, são os principais motivos que deixam os agentes com os nervos abalados.

Nos casos das repercutidas rebeliões ocorridas no Urso Branco, em Rondônia - que resultaram em diversas mortes -, o agente prisional é um dos personagens presentes no cenário real de violência e terror. E vivendo toda essa tensão, o profissional ainda tem a difícil missão de não levar a violência para casa, no cumprimento do papel de esposo, filho e pai.

Buscando obter uma visão psicossocial sobre a tensa rotina dos agentes penitenciários e os possíveis reflexos na relação familiar, ouvi a psicopedagoga, Jazer Ferreira, que também é graduada em Psicologia pela Universidade Federal de Rondônia (Unir).

Lucas Tatuí - Com uma rotina tensa e com possibilidades de eventos imprevisíveis, envolvendo violência, como fica a cabeça de um agente penitenciário na avaliação da senhora?

Jazer Ferreira: A tensão é uma realidade constante no ambiente interno de uma unidade prisional, seja ela de segurança máxima ou mínima. Essa tensão é gerada justamente pelo fato desses trabalhadores atuarem num ambiente com possibilidades de riscos e ameaças. Além disso, o agente geralmente se arma de um mecanismo de defesa, recorrendo muitas vezes à uma postura mais rígida no contato com os presos, como um meio de se sentir mais seguro. Tudo isso exerce uma forte pressão sobre individuo, que também é filho, pai, esposo... E essa tensão gerada no dia-a-dia dos agentes pode também acompanhá-lo ao seio familiar, ao findar do plantão.

Lucas Tatuí: Considerando que o ambiente familiar se difere muito de um apreensivo ambiente interno de um presídio, a Senhora acha que essa tensão gerada no dia-a-dia dos agentes pode ser levada para casa?

Jazer Ferreira: O normal seria que não. Mas, há possibilidade de interferências. É necessário um processo mental separando uma realidade da outra, ou seja, o agente precisa estar profundamente consciente de que ele é agente só até o final do plantão. Portanto, precisa deixar o uniforme no local de trabalho, sem levar para casa.

Lucas Tatuí: O que é necessário para que essa tensa rotina não afete a convivência com a família?

Jazer Ferreira: Pessoas que trabalham em ambientes de tensão extrema são tendentes a sofrer distúrbios no sistema nervoso -- o que representa, de fato, uma ameaça para uma convivência saudável com a familiar. Uma excelente alternativa preventiva são as atividades físicas e a separação de tempo para o lazer em família. No entanto, muitos trabalhadores acabam não dando importância a isso, colhendo conseqüências sobre si e sobre as pessoas com as quais convivem no lar.

fonte:http://www.reporterdeplantao.com/noticias/index.php?tipo=2082

Nenhum comentário:

Postar um comentário