sexta-feira, 14 de março de 2014

Sábias Palavras

GREVE DOS AGENTES PENITENCIÁRIOS DE SP

Li num editorial de jornal de respeitável circulação equivocada análise de que a greve de agentes penitenciários é irresponsável.


Antonio Ferreira Pinto

Curioso: nenhuma crítica ao Governo!!!

NADA MAIS EQUIVOCADO E DISTORCIDO!

Concordo apenas num ponto: a irresponsabilidade.

De fato ela existe.

Mas de quem é a irresponsabilidade? De uma classe oprimida, com minguados salários, desprezada ou de um governo que teima em ser inflexível para demonstrar uma autoridade que está por um fio?

De quem é a irresponsabilidade por levar uma categoria à exaustão, no mais elevado grau de periculosidade, sem oferecer as mínimas condições para o exercício de suas funções?

De quem é a irresponsabilidade por sentar numa mesa de negociação e oferecer quinquilharias? Essa tática dava certo no tempo das Entradas e Bandeiras...

Não existem mais espertos desbravadores e inocentes nativos...

Não se pode menosprezar os justos anseios dos agentes penitenciários.

De quem é a irresponsabilidade por ter, no trabalho noturno, 30 ou 40 abnegados agentes para conter 1.500 ou 1.700 presos em razão dos claros existentes no quadro de funcionários?

De quem a irresponsabilidade por colocar a segurança pública em risco?

De quem a irresponsabilidade por ser irredutível?

Com certeza não é de quem, sem voz, tem dificuldade para por o pão na mesa, que sai para o trabalho e não sabe se volta!

De quem é a irresponsabilidade por se interessar apenas por outros setores da segurança, que devem ser prestigiados sim, muito mais do que são, mas que se extasia com formaturas no Vale do Anhangabaú e distribuições solenes de viaturas, agora regionais, porque dão visibilidade? Eloquentes discursos que não darão o retorno que se pretende, pois a população não é ingênua!

De quem é a irresponsabilidade por jogar nas costas do agente penitenciário grande parte do encargo de cuidar da saúde do presos, de seus deslocamentos para hospitais, de controlar a execução da pena de cada um deles, porque o Governo não oferece assistência médica e judiciária adequadas?

Como podem alguns juízes de direito (felizmente uma minoria) intimidar agentes em razão da greve justa e que preserva serviços essenciais, se dependem deles para obtenção de informações quando a facção planeja atentar contra a integridade física ou a vida de algum magistrado ou familiares?

De quem é a culpa por essa insensibilidade? O bem estar do agente não lhes interessa? A justiça ficará mais morosa? A autoriade do juiz de direito não está sendo arranhada.

Os agentes precisam ter voz! Não sabem a força que têm e merecem o respeito de governantes, juízes de direito, promotores de justiça e da imprensa.

Como disse em postagem anterior, essa greve não interessa a ninguém, mas seu término só depende da sensibilidade do Governo.

Concluindo: aviso aos menos identificados com a questão prisional que não faço essas considerações para angariar a simpatia dos agentes penitenciários.

Essa eu já tenho e digo isso de peito estufado, conquistada pelos 10 anos que trabalhei na SAP e SSP.

Ninguém ingressa e vive décadas no sistema penitenciário para ser mártir!


  Cinco décadas de polícia*

1962 - Aos 19 anos, Antonio Ferreira Pinto entra na Academia de Polícia Militar do Barro Branco
1968 - Serve como tenente em Bauru
1970 - Serve como capitão em Ourinhos
1975 - Forma-se em direito no Paraná
1979 - Torna-se promotor de Justiça Criminal
1989 - Trabalha como assessor da Corregedoria-Geral do Ministério Público
1993 - Cria a Secretaria de Administração Penitenciária e atua como secretário adjunto
1998 - Forma-se procurador de Justiça
2006 - É empossado secretário de Administração Penitenciária
2009 - Aos 65 anos, assume a Secretaria de Segurança Pública

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