segunda-feira, 2 de março de 2015

Paraíba em QAP - Entrevista presidente do SINDAP/AC




           Nome, idade e há quanto tempo estás na profissão e no sindicato?

Adriano Marques de Almeida, 32 anos, trabalho há cerca de 13 anos no sistema penitenciário, no sindicato estou aproximadamente 6 anos.

Qual o efetivo de agentes no seu estado?
Novecentos agepens.

Qual o salário pago hoje no seu estado?

Varia entre R$ 2.800 até R$ 3400.


Quem faz as escoltas externas: os agentes ou a PM?

Agepens e a PM.

Quem fica nas guaritas: agentes ou PMs?

Agepens e PMs.

Você é contra ou a favor que os agentes assumam as guaritas?

Totalmente a favor, o policial do Sistema Penitenciário é o agepen, votação e aprovação da pec 308/04 já!

O Sispen do seu estado tem grupo de intervenção?
      Sim, ainda que de maneira improvisada, possuímos o GOE.
     
     Houve casos de agentes mortos em razão da profissão em 2014?

Não. Mas já no início deste ano dois colegas foram covardemente assinados, até hoje esses crimes não foram esclarecidos. A responsabilidade é do Governo do Estado.

A Secretaria é própria ou vinculada à da Segurança Pública?

Não, erroneamente fazemos parte de um Instituto vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.


Qual o principal problema enfrentado pelo Sispen no seu estado?

O problema zero um é o efetivo reduzido. O dois é a falta de equipamentos de segurança e proteção para os agentes penitenciários. A gente vive sobre constantes ameaças. Atualmente, a função de agente penitenciário é a mais estressante entre todas as profissões. Por quê? A PM faz a abordagem inicial com o cidadão infrator e o encaminha para a Polícia Civil. Esta faz a investigação e, no caso de condenação, remete-o para o sistema penitenciário. Em síntese, a gente trabalha como o ‘produto final’ da Segurança Pública. Somos servidores concursados, pais de família e qualificados para o exercício da função.

Tem aumento salarial todo ano ou é preciso fazer movimentos, greves, etc?

Nossa vitória é do tamanho da nossa luta, é preciso fazer movimentos.

Qual o maior presidio do seu estado e quantos presos ele tem?

Com o dobro de sua capacidade, o presídio Dr. Francisco d’Oliveira Conde possui cerca de 2700 presos e deveria ser um espaço para a reeducação e, por conseguinte, de reinserção social, mas se transformou em uma ‘universidade’ do crime.  Não basta construir presídio. É preciso repensar toda a Segurança Pública.  Proporcionalmente, o Acre possui a maior população carcerária do país, aproximadamente 4300 presos.

Qual a avaliação atual do Sispen no seu estado?

O Sistema Penitenciário do Acre é um barril de pólvora. Ele está começando a explodir aos poucos. Os presos têm todo tempo do mundo para fazer planejamentos. Quando eles perceberam que as guaritas estão sem vigilância e nosso efetivo reduzido, eles agem. Não existe um treinamento contínuo e muito menos um programa para cuidar da saúde mental do servidor. Temos casos de surtos psicóticos, síndromes do pânico, gastrites nervosas e distúrbios do sono. Tudo isso é consequência do stress funcional, péssimas condições de trabalho e da elevada jornada de trabalho.

Quais são as recomendações que o senhor pode sugerir para os gestores do Sispen no seu estado?
 
A realização imediata de concurso público para todos os cargos, a aquisição de equipamentos de proteção e segurança para todos os agentes penitenciários. Também precisamos da regulamentação expressa do poder de polícia, uma vez que os eventos ocorridos dentro e fora do Sispen têm ligações com facções criminosas. Necessitamos, ainda, de uma instrução normativa interna, que iria nortear as administrações dos presídios e os nossos serviços.


          Quantos mandados de prisões estão pendentes e fossem todos comprimidos? 

Mais de 4200 mandados, seria um caos completo, pois já estamos superlotados. Mais presídios devem ser construídos, mas não é só isso que vai resolver. Trata-se de um problema social e econômico, aliado à desagregação familiar com a ausência de valores humanos, morais e éticos. O ser humano não nasceu com propensão ao crime! Ele é engrenado na máquina social, que, na maioria das vezes, é excludente e preconceituosa. Os jovens são maioria nos presídios. Eles estão sendo tragados pelo consumo e tráfico das drogas.





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