Nome, idade e há quanto tempo estás na profissão e no sindicato?
Adriano Marques de Almeida, 32 anos, trabalho há cerca de 13 anos no sistema penitenciário, no sindicato estou aproximadamente 6 anos.
Qual o efetivo de agentes no seu estado?
Novecentos agepens.
Qual o salário pago hoje no seu estado?
Varia entre R$ 2.800 até R$ 3400.
Quem faz as escoltas externas: os agentes ou a PM?
Agepens e a PM.
Quem fica nas guaritas: agentes ou PMs?
Agepens e PMs.
Você é contra ou a favor que os agentes assumam as guaritas?
Totalmente a favor, o policial do Sistema Penitenciário é o agepen, votação e aprovação da pec 308/04 já!
O Sispen do seu estado tem grupo de intervenção?
Sim, ainda que de maneira improvisada, possuímos o GOE.
Houve casos de agentes mortos em razão da profissão em 2014?
Não. Mas já no início deste ano dois colegas foram covardemente assinados, até hoje esses crimes não foram esclarecidos. A responsabilidade é do Governo do Estado.
A Secretaria é própria ou vinculada à da Segurança Pública?
Não, erroneamente fazemos parte de um Instituto vinculado à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.
Qual o principal problema enfrentado pelo Sispen no seu estado?
O problema zero um é o efetivo reduzido. O dois é a falta de equipamentos de segurança e proteção para os agentes penitenciários. A gente vive sobre constantes ameaças. Atualmente, a função de agente penitenciário é a mais estressante entre todas as profissões. Por quê? A PM faz a abordagem inicial com o cidadão infrator e o encaminha para a Polícia Civil. Esta faz a investigação e, no caso de condenação, remete-o para o sistema penitenciário. Em síntese, a gente trabalha como o ‘produto final’ da Segurança Pública. Somos servidores concursados, pais de família e qualificados para o exercício da função.
Tem aumento salarial todo ano ou é preciso fazer movimentos, greves, etc?
Nossa vitória é do tamanho da nossa luta, é preciso fazer movimentos.
Qual o maior presidio do seu estado e quantos presos ele tem?
Com o dobro de sua capacidade, o presídio Dr. Francisco d’Oliveira Conde possui cerca de 2700 presos e deveria ser um espaço para a reeducação e, por conseguinte, de reinserção social, mas se transformou em uma ‘universidade’ do crime. Não basta construir presídio. É preciso repensar toda a Segurança Pública. Proporcionalmente, o Acre possui a maior população carcerária do país, aproximadamente 4300 presos.
Qual a avaliação atual do Sispen no seu estado?
O Sistema Penitenciário do Acre é um barril de pólvora. Ele está começando a explodir aos poucos. Os presos têm todo tempo do mundo para fazer planejamentos. Quando eles perceberam que as guaritas estão sem vigilância e nosso efetivo reduzido, eles agem. Não existe um treinamento contínuo e muito menos um programa para cuidar da saúde mental do servidor. Temos casos de surtos psicóticos, síndromes do pânico, gastrites nervosas e distúrbios do sono. Tudo isso é consequência do stress funcional, péssimas condições de trabalho e da elevada jornada de trabalho.
Quais são as recomendações que o senhor pode sugerir para os gestores do Sispen no seu estado?
A realização imediata de concurso público para todos os cargos, a aquisição de equipamentos de proteção e segurança para todos os agentes penitenciários. Também precisamos da regulamentação expressa do poder de polícia, uma vez que os eventos ocorridos dentro e fora do Sispen têm ligações com facções criminosas. Necessitamos, ainda, de uma instrução normativa interna, que iria nortear as administrações dos presídios e os nossos serviços.
Quantos mandados de prisões estão pendentes e fossem todos comprimidos?
Mais de 4200 mandados, seria um caos completo, pois já estamos superlotados. Mais presídios devem ser construídos, mas não é só isso que vai resolver. Trata-se de um problema social e econômico, aliado à desagregação familiar com a ausência de valores humanos, morais e éticos. O ser humano não nasceu com propensão ao crime! Ele é engrenado na máquina social, que, na maioria das vezes, é excludente e preconceituosa. Os jovens são maioria nos presídios. Eles estão sendo tragados pelo consumo e tráfico das drogas.
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