terça-feira, 12 de maio de 2015

Lista revela que facções criminosas ainda recrutam detentos nos presídios













Criado Em Terça, 12 Maio 2015 01:17 
Última atualização em Terça, 12 Maio 2015 03:36 





Escrito Por GLEYDISON MEIRELES






Agentes penitenciários do presídio Francisco de Oliveira Conde, em Rio Branco, encontraram na última semana, em uma das celas do Pavilhão J, uma lista com vários nomes de presos, que possivelmente estão ligados a facções criminosas que existem nas unidades prisionais acreanas.






A lista contendo nome do preso, alcunha (apelido), matrícula, referência e o nome de quem está apadrinhando o detento, foi encontrada durante uma revista de rotina no pavilhão, onde segundo os agentes, estão alguns dos integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC), facção criminosa que recentemente se instalou no Estado e já disputa, dentro dos presídios do Estado, o controle do tráfico de drogas.


De acordo com presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre (Sindap/AC), Adriano Marques, a lista mostra que, mesmo com as constantes ações das forças de segurança pública do Estado, as organizações criminosas estão se fortalecendo no Acre.





É sabido que nos presídios dos Acre existem duas facções criminosas brigando entre si, que é o PCC e o Bonde dos 13. Apesar de todas as ações das forças policiais esses grupos vem se fortalecendo, se organizando e arregimentando integrantes no Acre. Nosso Estado é estratégico para essas facções por conta da sua proximidade e da fragilidade de nossas fronteiras com os países andinos”, disse Marques.



A reportagem do Opinião procurou a Polícia Civil para ouvir os delegados Alcino Junior e Fabrizzio Sombreira, da Delegacia de Polícia Interestadual (Polinter) e da Delegacia Especializada em Combate ao Crime Organizado (Decco), respectivamente, sobre a lista encontrada no interior de uma das celas do Pavilhão J. Segundo os delegados, todo o material que é encontrado no interior das celas passam por investigação.



“A Polícia Civil tem trabalhado incessantemente no combate a criminalidade e realizado centenas de investigações sobre indícios dessas facções criminosas. Já estamos com essa lista em nosso poder e agora vamos realizar um trabalho minucioso sobre as informações. Existem nomes, números de telefones e outras coisas que podem levar a indícios de crimes”, disse o delegado Sobreira.



Alcino Júnior afirmou que a polícia já realizou investigação sobre outras listagens encontradas nas penitenciárias e algumas delas culminaram em investigações mais aprofundadas.



“O que posso dizer é que outras listas já foram encontradas nas penitenciárias e enviadas para a Polícia Civil, que realizou investigações mais minuciosas. Temos realizado um trabalho incessante em torno dessas facções, mas não podemos passar detalhes desses trabalhos. No caso dessa última lista, me parece que tenha mais ligação com o Bonde dos 13 do que com o PCC, mas essa é uma opinião pessoal, só teremos certeza depois das investigações”, comentou Júnior.
















Proibição de revistas íntimas




Recentemente, a juíza Luana Campos, titular da Vara de Execuções Penais de Rio Branco, baixou uma portaria proibindo no âmbito dos estabelecimentos penais de capital, o procedimento de revista íntima dos visitantes, sendo vedada qualquer forma de tratamento desumano ou degradante no complexo penitenciário. A magistrada considerou que os procedimentos de revista atentam contra o princípio da dignidade da pessoa humana, além de o procedimento ser considerado desumano e degradante. Foi permitida apenas a revista manual e por meio eletrônico.


Segundo Adriano Marques, os presídios da capital não tem estrutura e nem equipamentos de segurança para realizar as revistas íntimas, o que tem contribuído para o aumento de entorpecentes e celulares, além de outros tipos de objetos, levados para o interior dos presídios.

Não estamos querendo censurar a medida adotada pela juíza Luana Campos, mas os presídios de Rio Branco não tem estrutura mínima, muito menos recursos eletrônicos, como os scanners corporais e os portais detectores de metais, para as revistas. Isso tem contribuído para o aumento do número de drogas, celulares e outros tipos de objetos que entram no presídio, isso sem contar com os outros problemas recorrentes nas penitenciárias do Estado”, protestou o sindicalista.  



PCC no Acre






No dia 1º de fevereiro de 2013 A Polícia Civil deflagrou  a Operação Diáspora, que desarticulou as atividades da facção criminosa do Primeiro Comando da Capital (PCC), resultando na prisão de 39 integrantes do grupo criminoso, com ramificações em Brasileia, Cruzeiro do Sul e Rio Branco.



Segundo o delegado Alcindo Júnior, que presidiu a investigação, “as prisões foram frutos de duas mil e sessenta horas de acompanhamento permanente dos passos das pessoas que integravam o PCC dentro e fora dos presídios do Estado”. Oito delegados participaram dos três meses de averiguação.

A operação foi executada por 40 policiais civis e 89 militares que cumpriram 34 mandados de busca e apreensão nos presídios do Acre e cinco em bairros distintos da capital. O líder do PCC no Acre é Thiago da Silva Gomes, (o Mestre dos Magos) preso por latrocínio, que dividia a organização da facção com outros sete criminosos.

Entre os cabeças do PCC no Acre estariam um criminoso de São Paulo e outro de Mato Grosso. O objetivo dos criminosos seria estabelecer o domínio de todos os presídios do Acre.

De acordo com os levantamentos da Polícia Civil, os integrantes do PCC estariam trazendo maconha de Mato Grosso para o Acre. Mais de 1,5 toneladas de maconha foi apreendida pela Polícia Civil, em 2012. Para os delegados da Polícia Civil, a droga seria da facção criminosa, que tinha uma estrutura organizacional estruturada. Seis dos oito cabeças do PCC, presos no Acre serão encaminhados a presídios federais.

A organização criminosa foi monitorada no período de festas de fim de ano. Os policiais conseguiram evitar ao menos 15 assaltos na capital.

Um livro caixa com a movimentação financeira do PCC foi apreendido nas buscas feitas do presídio estadual.

A cronologia dos crimes contra agentes públicos em 2013

19/04/2013 Uma dupla armada invadiu o pronto socorro de Rio Branco. Os criminosos queriam a arma do vigilante sendo que este informou que tinha acabado de assumir o serviço e a arma foi levada para manutenção. Mesmo assim os criminosos levaram o seu colete balístico.

25/04/2013 Pela manhã, o agente penitenciário Júnior Bessa sofreu uma tentativa de homicídio quando saía da casa de sua namorada para ir trabalhar, uma dupla de moto efetuou vários disparos sendo que um atingiu o braço do agepen.

26/04/2013 Ao meio-dia, o presidente do sindicato da categoria dos agepens, Adriano Marques, recebe a informação do plano para matar um chefe de equipe do setor de presos sentenciados do Complexo Penitenciário Francisco de Oliveira Conde. A morte estava programa para o dia 05/05/2013 após o Meca Brasil, um evento de competição de som de automóveis. O chefe de equipe confirmou que competiria no evento e que participaria de algumas festividades.

27/08/2013 É de madrugada. Um agente penitenciário que trabalha na Unidade Penitenciária de Segurança Máxima Antônio Amaro Alves teve sua residência invadida e parcialmente destruída por criminosos no bairro Xavier Maia. Conforme informações do presidente do sindicato da categoria Adriano Marques o membro do PCC Sergio Apolinário Ramos, alcunha VL (responsável pelo contato com integrantes que estão soltos e de articular ações desenvolvidas pelos membros que estão soltos) morava próximo à residência do agepen.
28/04/2013, À tarde, um agente penitenciário que estava de moto, foi atropelado quando deixava o Complexo Penitenciário Francisco de Oliveira Conde, numa reta, por um automóvel que não parou e nem prestou socorro. Ficou a dúvida se foi um acidente de trânsito.

1º/05/2013, Dia do Trabalhador. O então secretário de Segurança do Acre, Reni Graebner, diz aos jornais locais que desconhece um plano criminoso do PCC, mas mantém um alerta para policiais militares, policiais civis e agentes penitenciários.

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