quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
Desentendimento entre secretário e sindicalista causa crise na penal
A tarde desta quarta-feira, 4, no Complexo Penitenciário Francisco de
Oliveira Conde (FOC), localizado na Estrada do Barro Vermelho, em Rio
Branco (AC), foi de muito tumulto. Debaixo de um forte sol, esposas,
amigos e familiares de detentos gritavam e pediam que as visitas intimas
fossem autorizadas pelo Instituto de Administração Penitenciária
(Iapen).
O secretário de Segurança Pública, Emylson Farias, conversou com o ac24horas e
garantiu que as visitas de hoje devem ocorrer normalmente nesta
quinta-feira, 5. De acordo com o gestor “a situação está sob controle e
as forças de segurança estão trabalhando de prontidão para manter a
segurança dos detentos e do complexo”, esclareceu.
Ao sair do presídio, o secretário foi abordado pelas manifestantes e
impedido de deixar o local. Com vários seguranças ao redor, Emylson
conversou com as mulheres e explicou que nesta quinta-feira, 5 “todas as
visitas vão acontecer normalmente”. Questionado se estaria mentindo
apenas para deixar o complexo, o secretário disse o seguinte: “Vocês
estão falando com o secretário de Segurança Pública do Acre. Vocês acham
que eu enganaria vocês? Não se preocupem!”, exclamou em alto tom.
O ac24horas conversou com o presidente do Sindicato
dos Agentes Penitenciários do Acre (AGEPEN). O presidente da entidade,
Adriano Marques, criticou a postura do secretário e afirmou que a classe
não irá trabalhar nesta quinta, caso a visita ocorra. O dirigente foi
taxativo ao dizer que “que quem decide as deliberações é a Assembleia
Geral, e não a Secretaria de Polícia Civil ou a Secretaria de Segurança.
Nós somos uma categoria e decidimos tudo em consenso”, alegou o
sindicalista.
Ainda segundo Adriano, “quem manda no setor é a categoria”, e o
dirigente fez questão de esclarecer que as atividades desta quarta foram
um “protesto pelas mortes” dos colegas de farda e sugeriu, ainda, aos
secretários e políticos, que se eles “querem gerenciar [a classe], podem
fazer concurso para o cargo de agente penitenciário”, afirmou o líder
dos servidores.
DECISÃO JUDICIAL
A juíza da Vara de Execuções Penais de Rio Branco, Luana Campos,
autorizou, por volta das 11h30 desta quarta-feira, 4, que a Polícia
Militar do Acre (PM-AC) assuma o comando dos serviços de segurança
prisional do Complexo Penitenciário Francisco de Oliveira Conde, na
capital acreana. A decisão visa evitar rebeliões.
Ao chegar à Unidade prisional, o comandante da PM, Cel. Júlio Cesar,
em entrevista, disse que a Vara emitiu determinação autorizando a PM a
“entrar em auxilio [aos agentes] para evitar uma possível rebelião,
morte” disse ao afirmar que já está “conversando com os agentes para
parar o movimento” grevista.
O comandante disse ainda que “a PM não pode deixar a estrutura do
presídio de risco” e que a PM, se for o caso, vai assumir o comando” dos
trabalhos realizados pelos agentes penitenciários, que devem cruzar os
braços na próxima sexta-feira, dia 6. Ao fim da entrevista, o comandante
disse o seguinte: “nos precisamos deles [os agentes] e a PM está unida
para dar segurança ao presídio”, promete o militar.
Sobre a decisão judicial, Adriano Marques esclareceu que “não é
necessário que a juíza de essa determinação. A legislação já prevê que
as forças de segurança podem operar dentro dos presídio, basta que seja
paga a gratificação. Tem várias pessoas aí no presídio trabalhando,
mesmo sem ser agente penitenciário”, analisa.
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