segunda-feira, 22 de junho de 2015

Sindicalista nega uso de organizações criminosas para amedrontar população




"Procuramos a imprensa para informar as pessoas. O maior poder é a comunicação", disse Adriano


O presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Acre, Adriano Marques, voltou a se valer das redes sociais para alertar mais uma vez sobre a suposta presença da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) no Estado.

De acordo com o sindicalista, o PCC teria autorizado a execução de quatro agentes penitenciários que trabalham no presídio de segurança máxima Antônio Amaro Alves. Na noite de sábado (20), pouco mais de 24 horas após o alerta, Marques voltou às redes sociais para anunciar que a casa de um agente fora invadida por três homens e seus familiares agredidos.

Questionado sobre o fato de que em outros Estados a imprensa não destaca a situação de risco dos agentes penitenciários com tanta veemência como no Acre, o sindicalista alega que isso ocorre porque “banalizaram a morte”.

“Não queremos implantar pânico, medo ou terror na sociedade. O que queremos é mostrar que existem organizações criminosas atuantes no Estado e que colocam em risco a vida de servidores por falta de políticas públicas do governo do Acre. Não usamos o PCC e outras organizações criminosas para amedrontar. Nossa maior reivindicação continua sendo por melhores condições de trabalho”, afirma.

Veja a entrevista com Adriano Marques:

O que aconteceu com o agente penitenciário?

Foi uma ação que durou aproximadamente dez minutos, evolvendo três cidadãos armados. Na casa do agente, estavam a sogra, a esposa e outros dois parentes. Chegaram perguntando onde estava a arma do agente. Como não responderam, levaram coronhadas na cabeça, e foram empurradas. Naquele dia, o agente se atrasou, mas a violência aconteceu na hora que ele deveria estar em casa.

O PCC está presente em todos os presídios do país. Por que no Acre o sindicato sempre menciona a organização como se existência de seus membros fosse uma novidade e ganha tanta visibilidade na mídia?

O PCC, no Acre, iniciou em outubro de 2012. Aqui existem outras organizações: o Comendo Vermelho e o Bonde dos 13. O Bonde dos 13 é um “produto” acreano do crime e reúne os bandidos mais antigos e perigosos do Estado. Mas o PCC não é nenhuma novidade para a área da segurança pública, inclusive, foi confirmado que o envolvimento do PCC na morte de um agente.

A atividade de segurança que vocês exercem é tão perigosa quanto à dos policiais civis ou militares. Por que os agentes penitenciários estão sempre na mídia local, até mais do que a PM e Polícia Civil?

A Polícia Militar faz todo o esquema de apreensão e vistoria do crime, a Polícia Civil trabalha em toda investigação, mas quem guarda e quem convive com a criminalidade diretamente é o agente penitenciário, dentro dos presídios.

Mas a realidade dos agentes penitenciários do Acre é semelhante a de agentes penitenciários e policiais do Rio de Janeiro e de outros estados com altos índices de criminalidade.

Acredito que os riscos que sofrem os policiais militares do Rio de Janeiro, de São Paulo, os agentes penitenciários do Acre também. Posso confirmar isso.

Por que em outros Estados a imprensa não destaca a situação dos agentes penitenciários com tanta veemência como no Acre?

Nos outros estados já banalizaram a morte de agentes da segurança pública. Por isso que não se ouve falar do assunto com tanta intensidade. Procuramos a imprensa para informar as pessoas. O maior poder é a comunicação.

A situação dos agentes de segurança parece não ter mudado, embora vocês estejam sempre ocupando a mídia. O que tem acontecido?

Pedimos sempre melhores condições de trabalho, que nos ajudem a lidar com a superlotação das cadeias. Na minha opinião, o governo não se preocupa em acabar com a criminalidade tão intensa que acontece no Estado do Acre, o crime organizado que atua aqui. No momento em que as autoridades públicas negam a formação dessas organizações criminosas, elas tentam apenas passar uma falsa sensação de segurança. Quando ocorreu a morte do agente penitenciário Anderson, tentaram colocar a culpa no mesmo. Disseram que ele teria sido omisso na denúncia de maus tratos dentro do sistema prisional. É muito fácil culpar alguém que não pode se defender.

Essa reação contra agentes penitenciários, mostrada exaustivamente, não pode levar as pessoas a acreditarem que os agentes estão sendo violentos contra detentos?

Existem denúncias que não são verídicas, apesar de alguns fatos ocorrerem, sim. Estamos lutando há muito tempo pelo monitoramento das penitenciárias com câmeras, para vistoriar todas as celas. Caso ocorra maus tratos dentro dos presídios, os agentes serão penalizados por lei.

A constância com que você recorre aos meios de comunicação para falar de PCC, Comando Vermelho e o Bonde dos 13 não serve apenas para encher as páginas policiais e amedrontar a população, como alegam setores do governo estadual?

Não queremos implantar pânico, medo ou terror na sociedade. O que queremos é mostrar que existem organizações criminosas atuantes no Estado e que colocam em risco a vida de servidores por falta de políticas públicas do governo do Acre. A cada dia a situação vem se agravando. Quando o sindicato procura a imprensa é porque já se esgotou o diálogo com a direção do Instituto de Administração Penitenciária do Acre, que promete tomar providências e não toma. Não usamos o PCC e outras organizações criminosas para amedrontar. Nossa maior reivindicação continua sendo por melhores condições de trabalho.

Fonte: http://www.contilnetnoticias.com.br/noticias-gerais/112-plantao/22109-sindicalista-nega-uso-de-organizacoes-criminosas-para-amedrontar-populacao

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